quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ela.

Amo as gargalhadas quando lhe faço cócegas.
O jeito que me encara quando eu falo o que não deveria.
Os suspiros que dá enquanto dorme.
A forma que me abraça quando tem medo(Pesadelo).
O carinho que faz pra que eu possa dormir.
O barulho na cozinha que me acorda (acompanhado do cheiro de café).
O desespero pra jogar Mario.
As pernas, e o jeito que apertam.
Os comentários sobre os filmes.
O jeito que beija.

Amo tudo e cada dia amo mais.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ciclo.

o mundo gira,
o tempo passa,
as coisas mudam,
nascem, crescem, vivem, morrem, SENTEM.
sentimentos,
nascem, crescem, vivem, morrem, SENTEM.
o mundo gira.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Total

Tem gente
que não sabe beijar
sem dizer: te amo.
Tem gente
que diz: te amo
sem saber beijar.
Tem gente
que compra beijos!
E eu?
Eu amo o mundo inteiro
quando você me beija.
Vane Pimentel

domingo, 26 de abril de 2009

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meireles

sábado, 25 de abril de 2009

Auto-Retrato

Ao nascer eu não estava acordado,
de forma que não vi a hora.
Isso faz tempo.
Foi na beira de um rio.
Depois eu já morri 14 vezes.
Só falta a última.
Escrevi 14 livros
E deles estou livrado.
São todos repetições do primeiro.
(posso fingir de outros, mas não posso fugir de mim).
Já plantei dezoito árvores, mas pode que só quatro.
Em pensamentos e palavras namorei noventa moças,mas pode que nove.
Produzi desobjetos, 35, mas pode que onze.
Cito os mais bolinados: um alicate cremoso, umabridor de amanhecer, uma fivela de prender silêncios,um prego que farfalha, um parafuso de veludo etc etc.
Tenho uma confissão: noventa por cento do que escrevo é invenção;só dez por cento que é mentira.
Quero morrer no barranco de um rio:- Sem moscas
na boca descampada!


Manoel Barros

segunda-feira, 30 de março de 2009

Há um vento selvagem soprando
Pelas esquinas da minha rua
Todas as noites lá, os faróis estão brilhando.
Há uma guerra fria chegando.
No rádio, eu escuto:
Baby, é um mundo violento...
Oh, amor, não me deixe ir.
Você não vai me levar para onde as luzes da rua
brilham?
Eu posso ouvir a chuva chegando,
Eu posso ouvir o som da sirene...
Agora meus pés não tocarão o chão.
O tempo vem rastejando,
Oh, e o tempo é uma arma carregada.
Cada estrada é um raio de luz,
E ele vai.
O tempo pode ser apenas como um sanguessuga,
Porém, ainda é uma noite tão linda.
Oh, amor, não me deixe ir.
Você não vai me levar para onde as luzes da rua
piscam?
Eu posso ouvir a chuva chegando,
Como uma serenata se sons,
Agora meus pés não tocarão o chão.
Gravidade, me liberte
E nunca mais me mantenha no solo.
Agora meus pés não mais tocarão o chão.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Da pra aprender muito com o irmão mais novo. (Y)


• Por Um Momento Apenas 

Quero um pedacinho de tempo para poder descansar 
esse peso do mundo que estou sentindo em meus ombros ... 
Um tempo onde não me perguntem nada, nem me peçam nada, apenas 
me permitam o direito, de dar vazão ao pranto que venho engolindo 
com o café-da-manhã de todos os dias , enquanto visto a 
máscara de *olhem como sou valente e forte*. 

Quero ser a criança que pode chorar livremente sob o beneplácito da 
manhã até que me ponham no colo, restabelecendo assim, 
o equilíbrio que necessito para dormir em paz. 

Quero ser criança novamente e me esconder no vão da escada 
para que todos me procurem e se preocupem comigo, 
(ainda que ao me encontrarem, me ponham de castigo pela traquinagem). 

Quero ser adolescente despertando para o primeiro amor ... 
Quero ser a pessoa que teme o amanhã, que se angustia com aquilo 
que não ousou... e se amedronta com o que há ainda por realizar. 

Quero me aventurar na busca dos sonhos, sem ter que vê-los pintados 
com as cores do desânimo, ou coloridos com as cores do impossível 
e quero poder brincar com meus sonhos como se fossem massinha 
de modelar ilusões ....lambuzar neles meus dedos, 
até decidir quando precisam se desfazer ... 

Quero ter companheirismo também nas horas em que tudo 
parece ter se perdido, e encontrar apenas um ombro onde possa 
repousar meu cansaço, um ombro que seja tão somente silencioso 
e impregnado de compreensão... 

Quero deixar que me invada toda a dor do mundo neste instante, 
porque ela é minha, é real e é unica, e que como tal seja aceita e 
compreendida ...mesmo que eu não a aceite e não saiba lidar com ela. 

E quero poder dizer isso desse jeito: - ESTOU DOENDO, SIM ! 
sem assustar ninguém, causando uma revolução tão grande que 
meu mundo pareça ainda mais desabitado. 

Daqui a pouco tudo vai parecer diferente e novo, eu sei. 
Vou secar os olhos e vou à luta outra vez e da dor hei de ressurgir 
mais forte ... Porque sou noventa e nove porcento formação de matéria 
que dificilmente se desintegra. 

Então, por favor ... por um momento apenas, 
neste meu pequeno momento mais que humano, neste meu miserável 
um por cento de fragilidade, me deixem ser igual a todo mundo 
e simplesmente chorar ... •

• Maria Teresa de Oliveira Albani •