sábado, 25 de abril de 2009

Auto-Retrato

Ao nascer eu não estava acordado,
de forma que não vi a hora.
Isso faz tempo.
Foi na beira de um rio.
Depois eu já morri 14 vezes.
Só falta a última.
Escrevi 14 livros
E deles estou livrado.
São todos repetições do primeiro.
(posso fingir de outros, mas não posso fugir de mim).
Já plantei dezoito árvores, mas pode que só quatro.
Em pensamentos e palavras namorei noventa moças,mas pode que nove.
Produzi desobjetos, 35, mas pode que onze.
Cito os mais bolinados: um alicate cremoso, umabridor de amanhecer, uma fivela de prender silêncios,um prego que farfalha, um parafuso de veludo etc etc.
Tenho uma confissão: noventa por cento do que escrevo é invenção;só dez por cento que é mentira.
Quero morrer no barranco de um rio:- Sem moscas
na boca descampada!


Manoel Barros

2 comentários:

Andressa disse...

muito foda o texto, amei namorada!
da até vontade de comer :x
qwueiuqoiwuewq

tiamo :**:

-- disse...

texto de tirar o fôlego.